Monteiro Lobato crucificado


Livro de Lobato pode ser banido por racismo

Conselho de Educação quer proibir obra da turma do Sítio do Picapau Amarelo nas escolas devido a referências a Tia Nastácia e sua cor em comparação com animais.


As aventuras da turma do Sítio do Picapau Amarelo poderão ser banidas das salas de aula. O Conselho Nacional de Educação (CNE) quer proibir nas escolas públicas do País o livro ‘Caçadas de Pedrinho’, um clássico da literatura infantil escrito por Monteiro Lobato. Os 12 conselheiros do órgão acataram por unanimidade denúncia da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, que considerou a obra racista. Conforme parecer do Conselho, o racismo estaria na abordagem da personagem Tia Nastácia e referências a animais, como urubu e macaco.

Publicado em 1933, o livro narra as peripécias de Pedrinho à procura de uma onça pintada. Em um dos trechos da obra que motivou a denúncia o escritor diz: “Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou, que nem uma macaca de carvão”. De acordo com a autora do parecer, Nilma Lino Gomes, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), os exemplares devem ser retirados das escolas ou adotados desde que a obra traga nota sobre os “estudos atuais e críticos que discutam a presença de estereótipos raciais na literatura”. (...)
(Fonte: www.odia.terra.com.br/portalrio)

Peraí...Então é assim: um escritor de Literatura infantil consagrado é considerado “racista” e uma de suas obras mais significativas é retirada de circulação? Nossa população é um povo formado a partir da mistura de muitas raças, raças estas que chegaram até aqui de varias formas, tenha sido pelo descobrimento de uma nova terra, pela colonização, pelas imigrações legais ou ilegais, pela escravidão...

Monteiro Lobato foi um escritor polemico para a sua época, e ainda o é, e ele refletiu através de sua obra um dos pensamentos, correntes e idéias que se manifestaram em sua geração. Movimentos sociais, políticos e geográficos são relatados em sua obra, com uma forte e clara manifestação da opinião do próprio autor, na época em que foram escritas. Mas tudo isso já passou; e a sociedade está em constante evolução e desenvolvimento, mas não é por isso que devemos esquecer o passado. Muito pelo contrario, é com a experiência do passado que aprendemos e consertamos nossos erros, moldando os passos do futuro!

Ouvi a opinião de um Especialista em Educação na televisão, e concordo com ele: não devemos proibir a leitura desta ou aquela obra aos alunos e SIM, estimular esta leitura e apontar, junto com ela, os seus erros. Não devemos APAGAR o passado, e sim usa-lo como exemplo.

Crianças de 10 ou 11 anos, público alvo aos quais as obras de Monteiro Lobato atingem, são crianças em processo de formação de sua personalidade e caráter; elas ainda não possuem opinião formada a respeito das coisas. Elas refletem aquilo que lhes é ensinado; e este é um eficiente modo de ensinar que o racismo é um mal que adoece e mancha a vida em sociedade. Não é apagando o passado que vamos corrigir nossos erros, e sim passando as gerações futuras com exemplos concretos que certos movimentos e pensamentos devem SIM permanecer no passado.


Autora convidada: Karina Aldrighis




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