CAMINHOS DE CURVAS

Há algo em mim que só quer partir
como se eternamente eu estivesse
a espera de uma chuva que a gente
sabe que uma hora vai passar.
As flores espreguiçam na manhã
seu orvalho. Eu nem alho nem bugalho.
Ainda não me acostumei com tantas
flores. Nós que somos humanos e não
temos culpa alguma. Apenas mijamos,
às vezes vomitamos nossa fome
que não nasce do chão. Assim vivemos
de esgotos. Nosso muito é muito pouco.
Que olhos dormem na sua escuridão?
Qual é sua direção? Eu posso ver
na minha sombras exatas. Todas tão
exatas que não se encontram nelas
nenhum traço que por ser diferente
nele se descubra beleza nelas.
Viver é este caminho de curvas.
Nunca esculpi de luvas.
Um olho no horizonte, o outro no chão.
Arte exige dedicação.
As jubas da borboleta, meu amigo,
nascem da delicadeza do leão.


Autor Convidado: Guerá Fernandes
www.guerafernandes.blogspot.com

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